Rádio Hinos Inspirados


domingo, 31 de maio de 2020

A NATUREZA DO CORPO RESSURRETO - parte 3



Fechando a série A Natureza do Corpo Ressurreto, vejamos como explica Wayne Grudem:

Se Cristo ressuscitará o nosso corpo dentre os mortos na ocasião da sua volta, e se o nosso corpo será semelhante ao corpo ressurreto de Cristo (1Co 15.20,23,49; Fp 3.21) com que se parecerá o nosso corpo ressurreto?

Que tipo de continuidade haverá entre o nosso corpo presente e o nosso futuro corpo ressurreto? Será que o nosso corpo será idêntico ao atual, tendo as mesmas características? Ou será ele um pouco diferente? Ou será ainda completamente diferente? E será que o nosso corpo ressurreto será feito das mesmas moléculas das quais são formados o nosso corpo terreno? Ou será ele uma criação de Deus inteiramente nova? Ou será tal corpo uma combinação do novo e do velho?

Diversos textos indicam que Paulo esperava uma certa continuidade entre nosso corpo terreno atual e o futuro corpo ressurreto. Ele afirmou: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal” (Rm 8.11). Ele disse que Jesus “transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (Fp 3.21). E quando Paulo falou da natureza do corpo da ressurreição, deu o exemplo da semente plantada no solo: “E, quando semeias, não semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar e a cada uma das sementes, o seu corpo apropriado” (1Co 15.37-38). Nesse exemplo, ele se baseia na experiência humana comum de que há diferença entre o que se semeia e o que nasce (v. 42-44), mas há também continuidade – assim como uma semente cresce até tomar-se uma planta maior, retendo o que nela havia, mas também extraindo para si outros nutrientes do solo. Assim, nós também teremos tanto continuidade como diferenças. Nessa analogia podemos dizer que tudo o que de nosso corpo físico permanece na sepultura será tomado por Deus, transformado para construir um novo corpo ressurreto. Todavia, os detalhes de como isso acontecerá ainda não estão claros para nós, visto que as Escrituras não especificam esses detalhes - devemos afirmar isso porque é isso que a Bíblia ensina, mesmo que não possamos explicar plenamente como isso pode acontecer.

Outra indicação da continuidade significativa entre o nosso corpo presente e o corpo que teremos é vista no fato de que aqueles cristãos que permanecerem vivos até o dia da volta de Cristo “serão transformados” – apesar de que seus corpos não serão substituídos: “Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao soar da última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade” (1Co 15.51-53).

Outro indício que aponta para a continuidade entre o corpo terreno e o celestial é o fato de que aparentemente as pessoas se reconhecerão umas às outras no céu. Jesus diz que muitos virão do Oriente e do Ocidente e “tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus” (Mt 8.11). Além do mais, Elias, que fora arrebatado ao céu em corpo terreno, de alguma forma mostrou-se reconhecível pelos discípulos no monte da transfiguração (Lc 9.30,33) – naturalmente, os discípulos não tinham conhecido Elias nem Moisés na carne, mas de algum modo esses homens mantiveram sua identidade pessoal de tal maneira que os discípulos creram que eles estavam lá, sendo tão reais como o próprio Jesus (veja Lc 9.33). Finalmente, Mateus diz-nos que quando Jesus morreu, “abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram; e, saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos” (Mt 27.52-53). O fato de que o corpo real dessas pessoas foi ressuscitado, e por terem eles aparecido a muitos em Jerusalém, indica novamente que havia alguma continuidade entre o corpo morto deles que estava na sepultura e o corpo que ressuscitou. Visto que saíram dos sepulcros “depois da ressurreição de Cristo” podemos pressupor que também eram santos que tinham recebido o corpo da ressurreição, como um antegozo do dia final da glorificação quando Cristo voltar. O fato de que essas pessoas “apareceram a muitos” sugere que elas eram reconhecíveis – o povo sabia quem elas eram. Novamente a evidência é sugestiva e não conclusiva, e mesmo assim aponta na direção de uma continuidade entre o corpo anterior à ressurreição e o que veio a existir depois dela.

O Deus que criou o universo e cada um de nós, e que reina soberanamente sobre cada partícula da criação a cada momento, e que sustenta todos as coisas pela sua palavra de poder, pode certamente manter o registro das partes de nosso corpo físico que ele desejar preservar e usá-las como a “semente” da qual um novo corpo será feito.


Teologia Sistemática – Atual e Exaustiva, Nova Edição com Índices, Parte 5, cap. 42, pp. 697, 700, 701

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Ir. Márcio da Cruz