UMA VIDA INCOMUM
O livro de Atos dos Apóstolos sempre me fascinou, pois me ensina coisas grandiosas sobre a Igreja de Jesus. Vejo, neste livro, princípios imutáveis para o povo de Deus. Princípios estes que precisam ser aplicados à prática cristã atual e enquanto existirmos como igreja aqui no mundo.
Entre outras coisas, o livro de Atos ensina-me que a Igreja de Cristo não lutava pela sobrevivência, mas por avivamento. Morrer não era o problema. O problema era a Igreja não estar viva. Folheemos as páginas de Atos, e não encontraremos os servos de Cristo fazendo a mínima questão de se manterem vivos. Para aqueles cristãos, era a obra que tinha de manter viva, ainda que para isso houvessem de morrer. Basta olharmos para homens como Pedro, João, Silas, Tiago, Estevão, Paulo e muitos outros. As perseguições não os fizeram recuar um passo sequer. A Igreja mantinha-se viva porque seus membros estavam dispostos a morrer pela continuidade da obra. Mesmo depois dos tempos apostólicos, essa disposição pôde ser ainda notada por mais alguns séculos.
Para mim, a disposição de se entregar à morte por amor a Cristo, demonstrada por aqueles crentes, provinha da qualidade de sua vida espiritual. Eram homens e mulheres santos. Mantinham-se na dimensão espiritual inaugurada com a descida do Espírito Santo no Pentecostes; suas vidas refletiam a santidade de Deus. Como Jesus lhes era maravilhosamente real, morrer não lhes era a pior coisa, desde que a Igreja continuasse viva. Se ela morresse, isso sim seria desastroso. Morrer significava-lhes estar com Cristo para sempre na glória do Pai; isso era o bem supremo da Igreja.
Viver numa comunidade estéril e descompromissada com o reino de Deus, era-lhes como experimentar a morte. Eles não queriam isso para si mesmo, nem à Igreja de Cristo.
Hoje, parece-me que a coisa mudou e muito. Há igrejas que lutam apenas pela sua mera sobrevivência. Para alguns, a “vidinha espiritual” que levam aos domingos é o suficiente. O medo de morrer substituiu o medo de se ter uma igreja morta. Já não se luta por avivamento, mas por se ter uma vida cômoda e próspera.
Estamos tornando-nos humanistas cristãos, pois o homem está sendo colocado no centro de tudo. O importante é que “eu esteja feliz e próspero”; o resto é resto.
Examinando muitos cultos cristãos praticados hoje, percebemos claramente que o seu objetivo principal é dar prazer a quem deles participa, e não glorificar a Deus. Não passam de entretenimentos religiosos. Muita coreografia e pouca vida.
O comprometimento dos cristãos com a causa de Cristo é quase nenhum. Ninguém mais há que esteja disposto a morrer para que a Igreja se mantenha viva. Pelo contrário, querem se manter vivos, mesmo que, para isso, a Igreja tenha de morrer. Nenhum “eu” é mortificado por amor a Cristo e sua Igreja.
Nossa alienação, comodismo e mundanismo podem manter-nos vivos, mas matam a Igreja. Os inimigos de Cristo já não nos combatem como antes; com isso a Igreja vai perdendo a guerra contra as forças das trevas. Enfim, estamos vivos e a Igreja morrendo.
Encontramo-nos neste estado por falta de santidade. Temos a salvação pela graça, mas parece que isso já basta para a maioria. O Espírito que santifica deixou de ser desejado. E o que temos é um povo frio, amedrontado e conformado com o atual estado de coisas.
Um povo santo não pode aceitar nada menos do que viver de modo santo, pelo qual glorificará o seu único Senhor, cuja santidade é sem limites. Em Levítico 11.45 lemos: “... portanto vós sereis santos, porque eu sou santo”. Quando a Igreja perde de vista essa ordem, descamba para o secularismo e volta-se para si mesma, gerando a própria morte.
Extraído do livro Um Grito Pela Santidade, José Armando S. Cidaco, CPAD, 1995, páginas 23-25.
Analise bastante sobre o que leste e faça alguma coisa em prol da pureza da Noiva do Salvador.
Ir. Márcio Cruz