“e, por se multiplicar a INIQUIDADE,
o AMOR de muitos esfriará”.
Temos visto e ouvido nestes
últimos dias um crescente esfriamento do povo que outrora foi chamado de Bíblia.
Que vivia falando acerca do Livro de Deus e o defendia com alegria, ousadia,
coragem e amor. Onde os cultos de ensino e EBDs eram cheios e as pessoas sedentas
para aprenderem mais sobre Deus e Seu Reino. Cenário onde a Bíblia é o livro
mais vendido do mundo, mas (paradoxal e lamentavelmente) é o menos vivido. O
que houve com este amor que hoje, nem de longe faz lembrar o sentimento que
antes no povo havia? O que aconteceu?
Como a situação chegou a
esse ponto, visto que nos vangloriamos de dizer que somos seguidores e
defensores das Sagradas Escrituras?
Dividamos o versículo
base em duas partes e vejamos a raiz do problema.
1. INIQUIDADE
Datação 1555. Ortoépia:
qü. Substantivo feminino
- Caráter daquilo ou
daquele que é iníquo, que é contrário à equidade. Ação ou coisa contrária à
moral e à religião. Aquilo que é iníquo, ato contrário à justiça, à equidade. Ato
perverso; maldade. Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 3.0
O Dr. Champlin faz um
raio X preciso que muito ajuda a esclarecer a situação que estamos a constatar
na Igreja do Senhor. Ao comentar sobre o verbete em estudo, ele diz:
“...por se multiplicar a INIQUIDADE...”
Neste passo, “iniquidade” indica o DESREGRAMENTO, e não a
imoralidade, embora o espírito de iniquidade, isto é, o espírito rebelde, a
falta de autoridade, etc., produzam um eleito imoral sobre a sociedade. A
apostasia que desvia os homens das leis espirituais e internas do cristianismo,
o desregramento mental, é a essência mesma da iniquidade. O desaparecimento
gradual da verdadeira religião obrigatoriamente é seguido pelo desaparecimento
gradual do amor fraternal na comunidade religiosa. Ora, essa morte é gradual.
Alguns intérpretes tomam essa iniquidade como um antinomianismo especifico,
isto é, o ensino contra (NTCVV – Champlin, p. 558).
E não é justamente isso
que tem sido constatado? As instituições abraçaram a indiferença às diretrizes
do Reino adaptando e colocando-as sob seus carnais e baixos intentos, colocando
sobre a Noiva do Cordeiro, fardos que não são os dEle. E ai de quem os
confrontar!
E o que é isto, senão a INIQUIDADE
à porta da Igreja?
2. AMOR
Por convenção, o verbete
agapê passou a retratar como que exclusivamente o Amor de Deus. Muito embora,
nas Escrituras, o termo seja também usado em outras ocasiões que não estejam
diretamente ligadas a Deus e Sua pessoa. É sempre bom a cautela na hora de
estudar o contexto. Além do quê, o grego traz também mais três palavras que falam
de amor: eros, phileo e storge, mas a palavra escolhida por João em sua
primeira carta foi justamente agapê (ἀγάπη). E, no texto que estudamos, Mateus
registra que o amor a que se referiu Jesus é o amor agapê, amor este atualmente
encontrado somente na Igreja, pois é ela a responsável por espalhar,
demonstrar, viver este sentimento que tem sua origem em Deus (1João 4.8).
Como pode o mundo viver o
amor, o agapê (a essência de Deus) se o homem não quer nada com Deus? O mundo
jaz, isto é, está morto no Maligno (1Jo 5.19), portanto, não possui vida para
transmitir este Amor!
Infelizmente, a tática do
Maligno mudou e tem funcionado. Antes, ele matava. Agora, ele seduz (Ap 20.10
ARA). A frieza, a indiferença, a irreverência e o destemor a Deus de muitos,
estão trazendo terríveis problemas ao Corpo de Cristo.
Quando há desprezo pelas
diretrizes santas do Senhor, o Amor começa a sofrer baixas, pois ele é algo que
precisa e muito ser alimentado. E este alimento altamente nutritivo (Palavra de
Deus) é vital para a manutenção do Amor, pois sem isto, não conseguiremos
conhecer a Deus de fato! Dr. Stern, em seu Novo Testamento Judaico traz uma
tradução curiosa: “E o amor de muitos esfriará por causa do CRESCENTE
DISTANCIAMENTO da Torah” (Mt 24.12).
É um tanto interessante
esta interpretação feita pelo Dr. Stern. Há uma ponte entre a tradução feita
por ele e o Dr. Champlin, que diz: “O amor se esfriará. Neste caso, esfriar
vem do verbo que significa soprar a fim de arrefecer* (derivado do verbo básico “soprar”),
de esfriar. A mesma palavra é usada para indicar a extinção de um incêndio. Os
sopros gélidos da apostasia e da iniquidade dos indivíduos, especialmente
aqueles que caracterizam a iniquidade, apagam as chamas do amor, esfriam as
brasas, e nada deixam senão cinzas frias”.
* provocar o esfriamento, tornar(-se)
frio, provocar o desânimo de; desanimar(-se), desalentar(-se), ficar mais brando,
mais fraco. Houaiss
Concluo com Charles Hodge:
“Que ninguém creia que o erro doutrinário seja um mal de pouca importância”.
Aprendi que “toda longa caminhada começa com um pequeno passo!”
Lutemos para manter acesa
a chama do Espírito em nós, como aconselhou Paulo aos tessalonicenses: “Não apaguem
o Espírito!”. (1Ts 5.19 NAA)
Ir. Márcio da Cruz